blog-do-salgado-white
, ,

Do Espírito Santo até a Bahia: Surpresas no caminho e muitos desafios pela frente

Do Espírito Santo até a Bahia: Surpresas no caminho e muitos desafios pela frente

Gosta de desafios? Afinal, a vida é feita de desafios.

Diário de bordo – 08 de maio

Quatorze pernas concluídas, chegamos no Estado do Espírito Santo! O segundo estado alcançado.

Fizemos um percurso de 87 km pedalados no dia de hoje, de Campos de Goytacazes-RJ até Presidente Kennedy-ES. Seguimos pelo lado esquerdo do Rio Paraíba do Sul até chegar na praia – neste trecho foram cerca de 40 km em estrada de terra.

O que se vê são milhares de hectares improdutivos. O Rio Paraíba do Sul poderia ser um canal para o escoamento da procuração agrícola desta região, mas não é. Onde hoje é uma estrada de terra sendo invadida pela vegetação outrora fora uma estrada asfaltada.

A região tem grande potencial econômico, mas cadê o Ministério da Infraestrutura??? Milhares de empregos podem ser criados com a exploração econômica da agricultura.

Naquela área também funcionava uma usina de cana de açúcar, que foi desativada.

No percurso encontrei palmeiras gigantes ainda maiores que as de Bracuí, e também alguns aéreos geradores.

Finalmente, no final da estrada, chegamos no bairro de Gargaú, município de São Francisco de Itabapoana.

Paramos para comer um peixe em um food truck na praia e depois seguimos viagem no sentido norte.

Ainda passamos por outros bairros como Sossego e Guaxindiba.

Quando chegamos na Barra de Itabapuana, conseguimos uma carona com o pescador e fomos para a outra borda do Rio Itabapoana, assim, finalmente chegamos no estado do Espírito Santo! Na cidade de Presidente Kennedy, na Praia das Neves, local onde também paramos para passar a noite.

Diário de bordo – 9 de maio

Quinze pernas até o momento, foram 87 km da Praia dos Neves até Ubu.

Parte do percurso foi realizado no asfalto e parte na terra, mas sempre próximo ao mar.

O trecho tinha muitas subidas e descidas, e ainda passamos pela trilha da Praia das Falésias. Essa trilha é sobre as falésias, um acidente geográfico constituído por uma encosta íngreme, e um trecho da trilha tinha sido levado pelo mar! Foi adrenalina pura! Mas o jeito foi seguir viagem mesmo com medo.

Passamos por várias praias do município de Marataízes, Itapemirim e Anchieta. Praias lindíssimas.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o terminal de pesca de Itapemirim, com uma obra nova e concluída aguardando a inauguração. Estava em funcionamento já, e tenho certeza que ajudará na entrada e saída de mais peixes pescados.

Paramos em Ubu, local onde o corpo do Padre Anchieta caiu quando o mesmo estava sendo levado pelos índios para sepultamento no município de Vitória. “Ubu” significa cair na língua tupi.

Diário de bordo – 10 de maio

De Ubu à Vila Velha, foi um percurso de 62 km.

A maior parte pedaladas foi realizada em ruas e estradas. Mas, no trecho final já em Vila Velha, na Praia da Barra, utilizamos uma trilha para chegar no Rio Jucu, o qual atravessamos de barco a remo, chegando em nosso destino pela praia. 

Nossa pretensão inicial era fazer uma trilha que é utilizada para realizar caminhadas, mas com a areia fofa não foi possível pedalar, por isso o caminho acabou sendo feito em ruas asfaltadas em sua grande parte.

Ubu é um bairro do município de Anchieta e o local é bem pequeno. A origem do nome vem do Tupi, que significa cair. A história narra que o corpo do padre Anchieta caiu em Ubu quando estava sendo levado pelos índios para sepultamento em Vitória.

Um destaque que deve ser dado desse dia é para a muqueca de camarão que comemos, eita comida boa sô.

Diário de bordo – 11 de maio

De Vila Velha à Vitória, foram cerca de 35 km pedalados.

Boa parte do percurso foi utilizado para conhecer alguns pontos turísticos destas cidades. Passamos pela praia da Sereia, Farol de Santa Luzia, praia Secreta, praia do Ribeiro e o Morro do Morango. Tudo em Vila Velha.

No Morro do Morango tinha vários bares com vistas privilegiadas. Recomendo dar uma paradinha lá para fazer uma boquinha e aproveitar a vista.

Depois, ao cruzar o canal, chegamos em Vitória. Visitamos a praia Curva da Jurema, Porto de Vitória, Igreja Matriz de Vitória e o local onde foi sepultado o corpo do Padre Anchieta.

Uma ponte liga as duas cidades de Vila Velha à Vitória, um canal de rio enorme separa estas duas cidades.

A única forma de passar de um lado para o outro é pela ponte. Porém é proibido passar de bike ou à pé, a única forma possível é através de transporte coletivo ou veículo particular. Existe um ônibus intermunicipal que aceita o embarque do passageiro com sua bike, não tinha visto nada parecido antes.

Está em construção uma ciclovia metálica que será agregada na estrutura lateral da ponte, dando acesso pela ponte aos ciclistas.

Diário de bordo – 12 de maio

De Vitória à Barra do Riacho, foram 77 km de percurso, no início super suave, utilizando ciclovia.

No entanto, a situação complicou quando a ciclovia acabou. Sair da capital Vitória e entrar no município de Serra, no horário de pico, passando entre ônibus, caminhões, carros e motos, não foi fácil. Foi necessário pisar forte na bike para ganhar velocidade e conseguir espaço.

No município de Serra, fomos na praia da Baleia. Lá encontramos o Gilmar, um ciclista local, que mora em Espírito Santos há muitos anos. Ele nos deu várias dicas sobre o percurso até Barra do Riacho, e nos acompanhou pela cidade de Serra até a entrada da cidade de Fundão.

Saindo de Vitória, entramos no Balneário de Jacaraípe, cruzando uma ponte sobre um canal que leva o mesmo nome. Neste canal tem uma embarcação com a popa naufragada, deixando aparente apenas o bico de proa da embarcação.

Depois conhecemos Nova Almeida e outras praias interessantes, passamos pelo Município de Fundão e entramos Aracruz, onde paramos no Bairro do Coqueiral para almoçar, neste local o cenário dos coqueiros dão o charme.

Pedalando rumo à Barra do Riacho e passamos por três potências incríveis: o estaleiro Jurong, a fábrica de celulose Suzano e o Portocel.

No estaleiro, além da reforma e construção de navios, está sendo construído um porto particular.

A fábrica de celulose é uma das maiores do Brasil, os resíduos líquidos são despejados em enormes tanques com milhões de metros cúbicos de água para tratamento, fazendo exalar um cheiro ruim e forte.

A Portocel é um porto particular. Foi possível notar várias carretas com blocos de granito aguardando para descarregar nos navios onde serão transportadas para algum lugar do mundo.

Estas três empresas devem gerar milhares de emprego, onde, com certeza, circulam milhões de dólares anualmente.

Às 16:00hrs chegamos em Barra do Riacho, um bairro muito pequeno, uma espécie de cidade dormitório, onde os trabalhadores dormem durante a semana e voltam para suas casas no final de semana. A Barra do Riacho tem um enorme potencial de crescimento econômico em decorrência das fábricas daquela região.

Diário de bordo – 13 de maio

Foram 120 km da Barra do Riacho até Urussuquara.

99,99% de estrada de terra. O vento que vinha do sul ajudou a empurrar a bike à caminho do norte. Logo na saída encontramos um ciclista local, Paulão, que fez o nosso caminho invertido: ele saiu de Aracruz, Espírito Santo, e foi até São Paulo.

Depois do café começou o pedal saindo da Barra do Riacho.

Entramos na Vila do Riacho e no percurso deu para perceber a grande quantidade de caminhões tritrem que passavam com suas carrocerias lotadas de eucalipto, rumo a fábrica de celulose. Aliás o cheiro exalado da fabricação da celulose é muito forte e é possível sentir mesmo depois de estar há muitos quilômetros longe.

Logo chegou a estrada de terra e assim foi o tempo todo: buracos e ondulações faziam a bike vibrar e a paisagem com muitas fazendas com pinheiros plantados. Em vários trechos o que se via era uma vastidão de terras e fazendas, que apesar de estarem cercadas, não possuíam produção.

Com cerca de 40 km pedalados em ruas de terra, chegamos em Regência, bairro da Cidade de Linhares. Lá paramos em um porto pequeno para realizar a travessia pelo rio Doce até o Bairro de Povoação.

No porto encontramos outros ciclistas com o mesmo propósito. Assim que realizamos a travessia, paramos na praça onde está instalado parte do antigo farol do bairro e almoçamos. Depois, mais pedaladas objetivando chegar no Pontal do Ipiranga.

No caminho encontramos a Reserva Biológica de Comboios, projeto Tamar, de proteção as tartarugas marítimas e paramos para visitar o local.

Seguindo em frente chegamos no Pontal do Ipiranga, mas resolvemos ir mais além: seguimos até Urussuquara, Praia do Município de São Mateus.

Quando atravessava a ponte sobre o rio percebi um movimento diferente na água, tratava-se de uma cobra d’água.

Paramos na pousada com nome de Pousada Verde, onde fomos muito bem recebidos pelo Carlos e sua esposa.

Diário de bordo – 14 de maio

84 km de Urussuquara à Itaúnas. O percurso começou em uma estrada de terra, depois pela praia, estrada de terra novamente, uma trilha e duas travessias de barco.

Destaque para o atendimento na Pousada Verde em Urussuquara, Carlos e Lorena nota 10. O Carlos, dono da pousada, passou muitas informações quanto ao percurso de forma precisa.

Iniciamos as pedaladas percorrendo cerca de 15 km até Barra Nova (sul), fizemos a travessia do rio Marilicum para Barra Nova (norte), dando sequência ao pedal na Beira da Praia percurso com 25 km.

A areia da Praia, com a maré baixa, apresentava um desenho interessante: ranhuras e fendas, com um tingimento feito com areia mais escura. Foi possível observar também vários bancos de areia formando poças d’água como se fosse lençóis.

Pedalamos pela praia até chegar em Guriri, pegamos um pequeno trecho com asfaldo e logo voltamos para a estrada de terra novamente. Em seguida pegamos uma trilha na restinga, foram as pedaladas mais difíceis porque a areia estava muito fofa.

Chegamos em Conceição da Barra, à margem sul do rio São Mateus, cuja a travessia somente seria possível por barco. O problema foi que os barcos estavam todos na margem oposta, então só depois de um bom tempo gesticulando e sacudindo toalha para tentar chamar a atenção de alguém, um barqueiro veio em nossa direção.

Um casal de ciclistas Gilmar e Roseane, anjos da bike que estava do outro lado do rio, conseguiram nos enxergar, como eu não sei, porque estávamos bem longe.

Depois do almoço voltamos a pedalar em ruas de terra e depois pelas trilhas de eucaliptos. Foram vários quilômetros dentro do mato, sem saber ao certo se o caminho estava certo ou errado, até que finalmente saímos da trilha e chegamos em Itaúnas.

A cidade de Itaunas foi engolida pelas dunas, ou seja, casas, cemitérios, igrejas, tudo ficaram debaixo da areia. O que obrigou os moradores a se deslocarem para uma outra região, onde as dunas não alcançam.

Diário de bordo – 15 de maio

Total do percurso: 1686 km.

De Itaúnas à Caravelas, foram 120 km, 90 km pedalados e 30 km navegados.

Chegamos na Bahia. Chegamos em Caravelas.

Tudo deu certo, as rotas, os barcos e a chuva.

Pedalamos cerca de 15 km em ruas de terra até chegar na praia de Riacho Doce, ponto de referência, Pousada do Celsão.

Nossa chegada na Bahia se deu pela travessia a pé do rio Doce, o que só foi possível porque a maré estava baixa.

Já na Bahia, na praia de Lençóis, pedalamos quase que 25 km. Na areia o esforço é ainda maior, e além disso encontramos alguns obstáculos, sendo necessário carregar as bikes nas costas.

Depois foi mais 10 km de trilhas dentro da plantação de eucaliptos, até chegar no porto de Tiririca, onde foi realizada a travessia por barco pelo rio Mucuri.

O porto de Tiririca consta no maps, mas não é bem um porto pois não há estrutura nenhuma. O que existe é uma pessoa: um barqueiro, Sr. Antonio, que mora no local e faz a travessia.

Demos muita sorte de encontrar o local porque não existe nenhuma sinalização, além disso chegamos no exato momento que o barco estava de saída. Fizemos a travessia e chegamos na cidade de Mucuri por volta das 12:00hrs, onde almoçamos e onde seria nosso ponto final do dia.

No entanto,  percebemos que para chegar em Nova Viçosa, para realizar a travessia para Caravelas, deveria ser feito com maré alta, o que ocorria às 15:00hrs de acordo com a tábua das marés.

Sendo assim, pedalamos mais 30 km de Mucuri até Nova Viçosa e chegango por volta da 15:30hrs.

Vários barcos já tinham saído para a pesca, mas outros barcos ainda estavam saindo. Falamos com o Cristiano, do barco Pesqueiro Iluminação, que já estava navegando rumo ao alto mar onde ficaria por 4 dias realizando a pesca de camarões e peixes. Ele nos atendeu prontamente, nos levando à Caravelas.

A viagem de barco demorou cerca de três horas e chegamos já era noite.

Veja mais fotos aqui

Acompanhe aqui cada etapa dessa trajetória. Se tiver sugestões de conteúdo ou interesse em conversar, deixe seu comentário aqui.

Ficarei extremamente agradecido pelas sugestões e feliz em responder.

P.S. Como tudo o que é bom deve ser compartilhado com os amigos, que tal compartilhar este link com os seus?

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimos artigos
Sponsor
Apoie nosso projeto
Patrocine o projeto Bike-Vela!
Continue lendo

Artigos Relacionados

Newsletter

Inscreva-se na nossa newsletter e receba nosso conteúdo na sua caixa de entrada

*Seu e-mail está seguro conosco, não fazemos SPAM