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De Alagoas até Pernambuco

De Alagoas até Pernambuco

Gosta de desafios? Afinal, a vida é feita de desafios.

Diário de bordo – 07 de junho

Neste dia pedalamos por 50km da Ponta do Mangue até o Pontal do Peba. No percurso passamos por uma estrada de terra alagada, muita lama, atravessamos o Rio São Francisco e também pedalamos na areia. Chegamos ao Pontal do Peba fazendo a travessia de um rio a pé.

O foco inicial era chegar em Saramen, porém a estrada de terra tinha vários pontos de alagamento. Deu um trabalhão para secar o tênis, coloquei atrás da geladeira mas não surtiu muito efeito. Ou seja, fiquei quase uma semana com o pé meio molhado.

Saramém

Povoado localizado nas margens do Rio São Francisco, onde é habitado em sua maioria por pescadores que tiram o sustento do próprio rio. Esse povoado é pouco alagadiço se comparado aos outros .É famoso na região por suas festas de fim de ano e pelos turistas que querem banhar-se no “Velho Chico“.

Quando o mar encobriu a vila do Cabeço, os moradores foram transferidos para Saramém. Na cidade, percebemos a preocupação com a força da água do mar. A força do mar vem comendo terra, tirando pedaços inteiros do barranco. O mar avança porque o São Francisco enfraqueceu. O volume de água que chega à foz começou a cair nos anos 80 com a construção, rio acima, de hidrelétricas que represaram a água. São nove hidrelétricas só no São Francisco, 33 somando todas as construídas nos afluentes. Para evitar nova tragédia, Saramém foi erguida longe da foz, a quase um quilômetro da margem do rio. Mas é na beira do São Francisco que tudo continua acontecendo. Na Ilha do Cabeço, todos viviam da pesca. Em Saramém, foi preciso improvisar. Os moradores revelam que agora a comunidade vive de pesca e turismo. (fonte: Wikipedia ).

Em Saramén estava o último ponto de Sergipe. Quando cheguei conversei com alguns barqueiros que me orientaram a fazer a travessia mais tarde porque a maré estava alta, nisso fiquei no bar do Daniel para matar o tempo.

Muitas histórias foram contadas. Uma delas sobre um forasteiro que foi brutalmente assassinado quando fazia a travessia. Ele levava uma mala e demonstrava muita preocupação com o que tinha dentro – e ninguém sabe até hoje o que era. Entretanto, ele foi jogado ao mar. Quando tentava voltar para o barco teve seus dedos decepados pelo facão do barqueiro.

História confirmada no Pontal do Peba por pescadores.

Mas não foi só essa, outra história veio à tona: um barco chinês com mercadorias valiosas acabou sendo atingido próximo ao Farol do Cabeço. Uma outra embarcação submersa o atingiu pelo casco, assim fazendo com que a embarcação chinesa começasse a naufragar.

Porém, as mercadorias não afundaram. Todos os bens, relógios, tênis, equipamentos eletrônicos, foram salvos do naufrágio. O seu destino teve um fim melhor que o barco e ainda aqueceu a economia local.

Me contaram que era uma embarcação clandestina, e a mercadoria é fruto do descaminho.

Tudo isso ouvi em pouco mais de uma hora de espera para fazer a travessia do Rio São Francisco. Foi o barqueiro Ivan, indicação do Daniel, que fez a minha travessia do Rio São Francisco.

Pisei em solo alagoano, na foz do Rio São Francisco. Lá é possível observar o Farol do Cabeço, parcialmente coberto pelas águas do rio e do mar, que outrora fazia sua função de auxiliar na navegação noturna.

O Farol do Cabeço

A partir de 1876 e durante muito tempo, o navegante que chegasse pelo mar à foz do Rio São Francisco sabia que podia confiar em um ponto de referência sólido, que estava lá sempre, piscando a noite inteira, indicando o caminho: é o Farol do Cabeço. Hoje, ele está fora de combate. Praticamente, metade dele está debaixo d’água. A água do Atlântico avançou sobre a foz do São Francisco e hoje ele foi substituído por outro farol, que fica do lado alagoano. O velho farol ficava na Ilha do Cabeço, em uma comunidade sergipana, que se chamava Cabeço e que hoje está totalmente submersa. Em 1988, metade do vilarejo já tinha sumido. Em 2000, saíram os últimos moradores. Fora d’água ficaram só a ponta do farol e um pequeno pedaço mais alto da ilha, que não era habitado. (fonte: Wikipedia ).

No local há várias barracas para atender os turistas, existem excursões para leva-los lá por meio de barcos.

Fiquei ali saboreando todos as possibilidades daquele momento, inclusive uma tal cerveja de vidro verde, até que me deparei com o relógio e o adiantar da hora. Só saí de lá quando todos os turistas já tinham partido e os comerciantes já estavam subindo em seus barcos.

Enquanto uns vão pela água um ou outro vai de bike pela areia.

Iniciei a pedalada com a maré baixa e um grande trecho de areia “pedalável”. Muita espuma, muita areia, área gigantesca e sem fim. Quase um deserto, se não fossem uns passarinhos que insistiam em me acompanhar e que buscavam no mar o seu sustento.

Próximo ao destino finalmente avistei algo que não fosse natureza: pescadores e barcos apareceram. Fiz a travessia de mais um rio a pé e cheguei no Pontal do Peba.

Diário de bordo – 08 de junho

Do Pontal do Peba a Maceió foram 127 km.

Ganhar território foi a proposta para o dia.

No percurso peguei muito asfalto e pista molhada e, também, bastante chuva pela manhã. Mais um dia de tênis molhado e pé encharcado.

Coruripe, Lagoa Azeda, Praia do Gunga, Marechal Deodoro e outros lugares mágicos que só “dei um oi”, ou melhor, só “dei um fui”.

Em Coruripe, logo na entrada, o cenário era desolador, o rio subiu e invadiu casas e comércios.

Meu objetivo de percurso, inicialmente, era parar em São Miguel e pedalar por 85 km. Cheguei lá por volta das 14h00, mas resolvi pedalar mais um pouco e depois de 125km cheguei em Maceió, numa praia onde estava rolando campeonato de surf.

Continuei pedalando e parei para almoçar numa barraca por volta das 16h. Pedi um espaguete carbonara que quando chegou estava quebrado, pensei: isto não é hora de questionar a culinária italiana feita em Pajuçara, Maceió – AL, pois a fome era bem maior.

Achei um lugar com chuveiro quente, sem baratas e sem pernilongos, um privilégio que não tive em outras pousadas. Depois foi meu momento de descansar um pouco e me preparar para última semana de pedal.

Nesta fase de pedal solitário muita coisa mudou: o rumo e a direção principalmente, pois a bússola do projeto era missão do Leonel. Sem ele passei a ter mais esta tarefa e, confesso, ele sabe fazer isto muito melhor que eu.

Maceió é uma cidade grande, com vários passeios e muita jangada – embarcação de madeira utilizada por pescadores artesanais. Na praia de Pajuçara as ondas são bem baixas facilitando a entrada e saída deste tipo de embarcação.

Neste dia fiz uma das fotos mais lindas de todo o percurso, da estrada consegui avistar a Lagoa Azeda e parei a bike para fotografar. O cenário impressiona.

Diário de bordo – 09 de junho

Dia de manutenção da bike. Levei ela no ChinaBike, um ótimo mecânico de bike.

Nos últimos dias de pedal perdi a primeira marcha, ela entrava mas ficava escapando. Pedalar sem a primeira marcha tem perda de desempenho, ou seja, o percurso é feito num período mais longo.

Houve a troca das engrenagens da gancheira, da pastilha de freios, encurtamento do cabo do câmbio e mudança de lado do anel do pedal. Também foi lubrificada, agora é só testar.

Diário de bordo – 10 de junho

De Pajuçara – Maceió a Praia Ilha da Croa foram 46 km. Passei pela praia do Guaxuma, Garça Torta, Jacarecica do Sul, Seria, Ipioca, Paripueira, Barra de Santo Antônio e Ilha da Croa. O percurso foi feito em ciclofaixa, areia, terra, asfalto e também teve uma travessia de rio à pé.

Diário de bordo – 11 de junho

De Ilha da Croa à Maragogi foram 65 km. Percurso feito por ruas asfaltadas, ruas de terra, trilha e também com a travessia de dois rios.

Iniciando as pedaladas cheguei na primeira praia do percurso: Carro Quebrado. O cenário de lá impressiona! A cor da água, as falésias, o mirante, tudo para deixar o local fantástico.

Para alcançar esta praia é necessário passar por uma propriedade particular, uma fazenda de cana de açúcar. Tentei pedalar pela praia de Carro Quebrado mas a maré já tinha subido, então tive que voltar e ir pelas trilhas do canavial até alcançar a praia novamente, fazendo a primeira travessia de barco.

Cheguei em Camaragibe e a próxima travessia ocorreria em Porto de Pedras. Durante o pedal uma forte chuva começou, fiquei quase duas horas parado então aproveitei para almoçar, E assim que a chuva parou voltei a pedalar.

Pedal vai, pedal vem, cheguei em Porto de Pedras para realizar a segunda travessia do dia. Peguei a balsa de Japaratinga e depois continuei o percurso pedalando mais 20 km pelo asfalto até finalmente chegar em Maragogi.

No trajeto temos a Praia de Carro Quebrado, Praia dos Recifes, Praia Ponta da Camela, Praia Morros de Camaragibe, São Miguel dos Milagres, Lajes, Porto de Pedras, Barreira do Boqueirão, Barreiras, Japaratinga, Aquibadã e Maragogi.

Chegando em Maragogi descobri que no dia 13 de junho é aniversário da cidade e uma grande festa de comemoração iria acontecer no dia 12, o que de fato ocorreu. Vi a abertura e fiquei pouco tempo pois estava cansado. Logo voltei para a pousada para descansar, pois queria acordar cedo no dia seguinte.

Diário de bordo – 12 de junho

Deixei o dia reservado para conhecer Maragogi e suas praias e piscinas naturais.

Também aproveitei para mergulhar e me deslumbrar com a vida marinha nas águas claras de Maragogi.

Conheci o caminho de moisés, uma passarela de areia explorada turisticamente, com bares flutuantes e redários para descanso.

Na areia da praia, num pequeno espaço, vi a fabricação de um barco de madeira simples e a reforma de um outro, como era domingo não encontrei o proprietário.

Ver as cavernas e os contornos das madeiras do barco sendo criado é muito interessante.

À noite teve a festa de aniversário da cidade, então tinha muita gente na rua. A festa teve várias apresentações e um forte esquema de segurança realizado pela guarda civil e pela polícia militar.

Diário de bordo – 13 de junho

De Maragogi à Porto de Galinhas foram 90 km.

Em Maragogi, dia 13 de junho é aniversário da cidade e do padroeiro Santo Antônio.

No dia anterior houve uma “big” festa, que iniciou as 22:00hrs e foi até às 6:00 do dias seguinte.

Quando saia para mais um dia de pedal, ainda tinha uma banda da cidade tocando a pleno vapor, festa arretada, hein.

Iniciei o pedal matinal inicialmente pela estrada, e então cheguei em Pernambuco quando entrei em São José da Coroa Grande.

Pernambuco, o sétimo e último estado a ser alcançado. Missão quase cumprida, mas ainda faltava mais alguns quilômetros para chegar no marco zero de Recife.

Continuei pela PE – 060, estrada estreita e sem acostamento. É muito perigosa, com caminhões e carros passando em alta velocidade. Tive que manter a atenção redobrada, pois qualquer vacilo é vela e caixão.

Depois de um longo trecho de estrada consegui entrar em Tamandaré, lugar das piscinas naturais.

Este lugar é fantástico, entrei na cidade e depois entrei na praia para pedalar. A maré já havia começado seu processo de subida mas ainda dava para pedalar, e assim o fiz, até chegar em Carneiros. Todas as praias de Tamandaré são lindas.

Em Carneiros fiz a travessia para Sirinhaém onde pedalei em trilhas e ruas asfaltadas até chegar no porto da Barra do Sirinhaém, realizando mais uma travessia de barco.

Para alcançar Porto de Galinhas passei por São José da Coroa Grande, Gravatá, Praia de Tamandaré, Praia dos Carneiros, Capela de São Benedito, Barra do Sirinhaém, Maracaípe e Porto de galinhas.

No percurso encontrei duas igrejas construídas à beira mar. Foram realizadas duas travessias de rios por barco, passei por trilhas de terra, estrada asfaltada e areia.

Porto de Galinhas é uma cidade que fica no município de Ipojuca, muito movimentada, com piscinas naturais e vários locais para entretenimento como passeios de bug e barco, mergulho e a gastronomia.

Veja mais fotos aqui

Acompanhe aqui cada etapa dessa trajetória. Se tiver sugestões de conteúdo ou interesse em conversar, deixe seu comentário aqui.

Ficarei extremamente agradecido pelas sugestões e feliz em responder.

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