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Da Bahia até Sergipe – O início

Da Bahia até Sergipe – O início

Gosta de desafios? Afinal, a vida é feita de desafios.

Diário de bordo – 17 de Maio

Hoje o percurso foi o Costa das Baleias – de Caravelas à Cumuruxatiba, com 83 km pedalados.

Este percurso também é conhecido como costa das baleias, por ser o local onde as baleias aparecem todos os anos vindo da Antártida, isto acontece no início do segundo semestre do ano.

Para chegar em Cumuruxatiba passei por muitas ruas de terra, com muitas subidas e descidas, e também muitas ondulações e buracos.

Paramos na praia do Farol para tomar água de coco, muitas falésias e praias fantásticas com mar azul.

Atravessamos o município de Prado e chegamos na cidade de Cumuruxatiba, Bahia. Em Caravelas, cidade cuja economia está voltada exclusivamente ao turismo, existem vários passeios de barco para Abrolhos e outros lugares, mas por ser fora de temporada nada estava funcionando.

Na escola municipal, uma frase para reflexão: “A palavra convence, o exemplo arrasta”.

Passamos pela igreja do século XVI, onde o padre Anchieta batizou o primeiro índio, e um porto com poucos barcos e sem atividades.

Comemos num restaurante que tem o nome da baleia jubarte. Além disso, na praça da cidade, existe uma lanchonete com o nome de Flalanches e o cardápio tem o nome de ninho do urubu, mesmo saindo do Rio de Janeiro, tanto no Espirito Santo como também na Bahia, se vê muitas pessoas com a camisa do flamengo.

Diário de bordo – 18 de Maio

Barra do Cahy

De Cumuruxatiba à Caraíva, 48 km, que valeram por 200 km. A chuva de madrugada deixou as trihas escorregadias, ruas de terra molhadas viram sabão, para subir, o pneu traseiro, não tinha aderência, ou seja, a roda ficava deslizando, uma subidinha simples se tornava um martírio. Além do barro, tivemos que enfrentar a areia, muito esforço e pouco resultado.

Alguns trechos de trilha injetaram um pouco de adrenalina. Em grande parte, as pedaladas se deram pela praia ou pela terra.

Saindo de Cumuruxatiba, depois de 7 km pedalados, chegamos na praia Barra do Cahy, considerada a primeira praia do Brasil, descoberta por Cabral, praia muito extensa e deserta, não tive dúvidas, dei um mergulho do jeito que vim ao mundo, as cores do mar e do céu parece que trabalham em união para oferecer um horizonte fascinante.

Logo em seguida veio a Praia de Corumbaus que possui boa estrutura para atender os visitantes, paramos nesse local para descansar e desfrutar do ambiente fantástico.

Para chegar em Caraíva ainda tivemos que passar por dois rios, o rio Cahy e o rio Corumbaus. O primeiro ultrapassamos com as bikes nas costas, o segundo, tendo em vista que a maré subiu, tivemos que nos valer do transporte de barco oferecido pelos índios da etnia pataxós, tivemos que pedalar 10 km pela aldeia indígena até chegar em Caraíva.

Caraíva é um lugar sem muitos habitantes, tem muitas pousadas e restaurantes, as ruas são estreitas, e não é possível passar veículos, motos ou até mesmo bicicleta, as ruas são de areia de praia totalmente fofa, para o transporte de materiais se usa carroças com tração animal, a economia gira exclusivamente em razão do turismo, o preço é acima da média.

Diário de bordo – 19 de Maio

Indo para Arraial d’Ajuda

De Caraíva ao Arraial d’Ajuda, 62 km.

Para sair de Caraíva foi necessário realizar a travessia do rio Caraíva, existe uma estrutura formada por barqueiros que fazem a travessia do rio.

Em Caraíva a areia é tão fofa que para transitar no bairro o taxi é uma carroça com tração animal. A coleta do lixo é feita por carroça com auxílio de um quadriciclo.

Os burros, que são usados para tração das carroças, fazem a travessia do rio nadando. Para chegar no Arraial d’Ajuda mais chão de terra, buracos, ondulações, subidas e descida.

No percurso, arrebentou a corrente da bike do Leonel, tivemos que utilizar um elo extra para emendar a corrente.

Combinamos que ele iria direto para Arraial e eu passaria em Trancoso, assim ele começou a pedalar mais forte e eu estava no “modo turismo”, no entanto, logo na primeira descida o pneu traseiro da minha bike furou, as espátulas de plástico para colocar o pneu quebrou e a bomba não funcionou, o jeito foi improvisar.

Desmontei o bagageiro e com as duas astes laterais consegui utilizar como espátulas, mas a bomba para encher o pneu também não funcionou.

Foi quando apareceu os anjos do caminho, um rapaz que trabalha na empresa de coleta de lixo jogou uma bomba pela janela do caminhão, depois parou um outro carro da mesma empresa, tipo pick-up, cujo motorista, Uilas, explicou que a bomba estava atrás do banco do caminhão de lixo, que provavelmente foi recolhida pelos trabalhadores da coleta de lixo que deixou a bomba atrás do banco.

Finalizando o conserto, continuei o pedal rumo a Trancoso, praias muito bonitas, almocei na praia dos Nativos, mas quase tive que deixar um dos meus rins, caro demais.

Mas o meu destino final era o Arraial d’Ajuda, pedalei mais 25 km, mais terra, e cheguei já no crepúsculo.

À noite todos vão para a praça, muita gente e muitas lojas com vitrine de shopping, show. O Leonel, reencontrou o Tigela, um amigo que não via há mais de 30 anos, conversei com várias pessoas, parecia que eu conhecia todos há muitos anos.

Este dia abusamos um pouco e ficamos até o último bar fechar, local sensacional, pessoas incríveis, existe uma ligação cósmica naquele local.

Lição do dia, testar a bomba antes de sair de casa, não comprar espátulas de plástico e testar as ferramentas quando tiver oportunidade. Todas as vezes que o pneu furou utilizamos as ferramentas do Leonel, ou seja, se tivesse utilizado as minhas, já saberíamos que não estavam funcionando.

Diário de bordo – 20 de Maio

Saindo de Arraial d’Ajuda e seguindo para Belmonte, 85 km.

Acordamos mais tarde do que o habitual e acabamos saindo por volta das 9h00. Houve duas travessias de balsa, uma de Arraial à Porto Seguro e outra de Cabrália à Santo André dentro do próprio município, custo de R$ 6,00 por pessoa, este valor cobre o percurso de ida e volta.

Quando chegamos na cidade de Porto Seguro fui há uma bicicletaria, JP, lá encontrei o Dedé, que está morando em Porto Seguro há 18 anos, antigo morador do Jaçanã, bairro onde nasci, estudou no Otávio Pereira Lopes, frequentava o clube Guapira e também curtia as matines do Acre Clube e ainda, para bater um trampo, utilizava o famoso Vila Nilo – Santana 66, é o tipo de coisa impossível de acontecer, mas acontece.

Saímos da bicicletaria por volta das 12:00, passamos no centro histórico, mas tínhamos pela frente uns 62kms, o jeito foi pedalar, e forte.

Percurso realizado em pista asfaltada, com pouca altimetria, chegamos em Belmonte no final do dia, arrumar pousada foi difícil porque a cidade aniversaria no dia 23 de maio, e as festividades iria acontecer justamente no dia que chegamos e praticamente não tinha vagas nas pousadas.

Belmonte é uma cidade dos barões do café, como ficamos apenas para pernoitar, não conseguimos perceber nenhuma atração turística.

Diário de bordo – 21 de Maio

De Belmonte à Ilhéus, 25 km de barco + 118 km de pedal, percurso total 142 km.

Saímos de Belmonte as 6:10hrs, o barqueiro Rogério nos levou até Canavieiras pelo mangue, foi 1 hora de barco, com várias entradas e curvas.

Árvores caídas, em decorrência de uma tempestade recente que caiu sobre a cidade, atrapalhavam o percurso do barco, chegamos em Canavieiras às 7:10h, tomamos café, e começamos a pedalar.

Trecho com altimetria elevada, muito sobe e desce, mas tudo em vias asfaltadas, estrada BA 001, tendo em vista a necessidade de fazer um grande percurso, bem como a nossa distância da praia, foram tiradas poucas fotos e vídeos gravados.

A bike do Leonel deu problema na gancheira, tendo que pedalar usando uma única marcha. Pneus furados até o momento: 5.

Quanto ao diabetes estou conseguindo um melhor controle, mas de vez em quanto aparece uma taxa elevada.

Diário de bordo – 22 de Maio

Ilhéus, cidade do litoral sul Baiano.

Paramos para realizar a manutenção na bike, para rever o trajeto dos próximos passos, ou melhor, das próximas pedaladas, conhecemos o Chibata que nos ajudou na manutenção da bike do Leonel que estava com problema na gancheira.

Enquanto isto eu fiquei na praia do sul, também conhecida como praia do Oi. Nesta praia fica o pessoal local, mais ao sul a tem a praia dos Milionários, onde ficam os turistas e ao norte a Praia da Concha.

Depois do conserto da bike do Leonel, o Chibata nos levou para almoçar na casa do Mamá onde ele e a esposa servem e vendem feijoada, é a melhor feijoada, até a pimenta estava na medida correta, ótima recepção aqui realizada pelo Chibata.

Ainda conversei por telefone com a Ana, irmã do Chibata, diabética tipo I, há quase 40 anos, ficamos quase 30 minutos falando dos perrengues que a doença causa e como lidamos com ela.

Ficamos numa pousada onde que não tinha ninguém, sendo assim fomos atrás de uma lavanderia. Pelo horário também não encontramos, paramos num lugar onde conserta roupas, mas apertamos a campainha errada, saiu a Soraia moradora da casa ao lado que se prontificou a lavar nossas roupas, no outro dia, quando fomos retirar a roupa ela não quis receber pelo favor realizado.

Conhecemos ainda o Luiz, advogado da Bahia, que nos deu várias dicas sobre a região de Mariú. Comecemos também a Mônica, dona de uma pousada no Espírito Santo do Pinhal, em São Paulo.

A sensação é realmente ímpar, conhecer pessoas e sentir a energia do solo baiano é indescritível. Pessoas receptivas e com habilidade de serem humanas. Gente que é gente, feita de material nobre, do mais puro dos materiais, simplesmente esbanjando o seu sorriso mágico, sem medos ou receios, ser baiano é a essência do humano. Estou em êxtase, embasbacado, preso num magnetismo celestial que parece querer me segurar nesta terra baiana, vou ter que ser resgatado.

Diário de bordo – 23 de Maio

De Ilhéus à Itacaré, 81 km, me senti em Ubatuba novamente, muito sobe e desce na pista asfaltada, saímos da cidade de Ilhéus, passamos por Uruçuca, e chegamos no município Itacaré.

Passamos pelo mirante de Serra Grande com uma fantástica vista para a praia. Paramos em uma padaria fantástica instalada no meio do nada e, mais para frente, já em Itacaré, entramos numa trilha com cerca de 2 km para acessar a praia da Engenhoca, praia pequena com várias trilhas para fazer à pé.

No trajeto alguns pontos de chuva, mas bem leve. Apesar de ser uma segunda feira, à noite, Itacaré estava lotada, muita gente na rua e nos restaurantes.

Muitos argentinos visitam a Bahia neste período, Itacaré possui energia muito boa, se assemelha muito com Arraial d’Ajuda. De manhã muito movimento na praia com atividade física, futebol de areia, vôlei de praia e futvôlei.

No porto da cidade, vários barcos pesqueiros e embarcações menores. O barqueiro Bebê trabalhava de manhã pegando as crianças e professores para fazer a travessia do rio, nos grandes centros temos as vans e ônibus escolares, nas regiões com rios temos “o barco escolar”. Bebê nosso barqueiro, informou a falta de merenda na escola é muito prejudicial para as crianças, e que isto acontece frequentemente.

Diário de bordo – 24 de Maio

De Itacaré à Barra Grande, 50 km.

Travessia de barco, trilha, mais estrada BR 030 com panela e custela de vaga, ou seja, buracos e ondulações, muitas poças d’água, as chuvas das noites anteriores detonaram a BR 030 que não é asfaltada. Nos 6 últimos km, ruas de areia esburacadas e molhadas, parecia areia movediça, a sensação era de que por mais que se pedalava a bike não saia do lugar, este percurso foi muito difícil.

Tentamos em determinado momento pedalar na areia da praia, mas com a maré alta, a faixa de areia sem água era muito fofa, impossível de pelar.

Chegamos em Barra grande, as ruas todas são de areia, o centro é bem movimentado, com vários bares e lojas.

Ficamos numa pousada a beira mar na praia dos Três Coqueiros, o por do Sol é fantástico. Por ser uma península você vê as ondas vindo lateralmente, praia ótima para caminhar, você não se cansa nunca.

Neste dia conhecemos o Charles, voz de veludo, que é apaixonado por música, ele é muito bom no violão, conhecemos também várias outras pessoas, foi show.

Diário de bordo – 25 de Maio

Dia de rever trajetos, manutenção da bike e curtir mais Barra Grande.

Diário de bordo – 26 de Maio

De Barra Grande à Nazaré das Farinhas, foram 25 km de barco, mais 117 km de pedal, total de 142 km.

Tivemos que pedalar até o porto de Barra Grande, cerca de 2 km na areia, chegamos as 6:00hrs para pegar o barco, o movimento de crianças era grande, todas sendo levadas de barco para a escola, o barco foi pilotado pela Paulinha, a primeira mulher em todas as travessias.

No caminho um arco-íris, logo em seguida dois arco-íris no mesmo, chegando em Camamu, paramos na padaria para tomar café e depois iniciamos o pedal.

Logo na saída percebi problemas nos pneus da minha bike, paramos na estrada para constatar o que estava acontecendo, e um rapaz de nome Kikinho, parou para nos ajudar, o pneu estava desalinhado e ele indicou um borracheiro logo mais à frente, ele deu suporte e nos ajudou até o problema ter sido sanado, ele também pedala e está num grupo de ciclistas da cidade.

Voltando nas pedaladas, tínhamos neste momento, cerca de 105 km a serem percorridos, trajeto realizado em pista asfaltada, estrada estadual BA 001, sem acostamento, parte do trajeto pista sendo reformada e outra parte já reformada.

Muita subida e descida, em uma das pontes que ultrapassamos, encontramos uma pessoa pegando ostras num viveiro, e compramos algumas, chegamos em Nazaré já era noite. Saída de Barra Grande de barco até Camamu, depois pedal direto até Nazaré.

Nosso trajeto seria outro, mas por conta dos ventos algumas trajetos de barco foram cancelados, então, Morro de São Paulo e outros locais lindos, não foram visitados.

Nazaré é um cidade estratégica, ela fica próxima à balsa que leva até Salvador, muitos motoristas de caminhão e motoristas de carros particulares acabam dormindo nesta cidade para pegar a balsa, que fica a 50 km, no dia seguinte.

Veja mais fotos aqui

Acompanhe aqui cada etapa dessa trajetória. Se tiver sugestões de conteúdo ou interesse em conversar, deixe seu comentário aqui.

Ficarei extremamente agradecido pelas sugestões e feliz em responder.

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