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De Sergipe até Alagoas

De Sergipe até Alagoas

Gosta de desafios? Afinal, a vida é feita de desafios.

Diário de bordo – 4 de junho de 2022

Fiquei em Caueira, era o dia de manutenção na bike e, também, queria conhecer melhor o local.

Eis que, no entroncamento do mar com o rio, aparece Joelson, um filho da terra, um nativo, com uma barraca com lona de plástico preta.

O interessante é que ele pesca o peixe direto no mar e traz para a barraca. Sim, o peixe é feito na hora, tem coisa melhor?

Eu comi dois badejos, um pouco maior que um palmo. Este foi o meu almoço, um prato crocante e com um tempero incrível.

Aproveitei para consultar algumas pessoas e me dei conta de que cruzar o rio para o outro lado só seria possível sobre a ponte, e foi o que fiz no dia seguinte.

Diário de bordo – 05 de junho de 2022

De Caueira à Pirambu foram 86 km. Passei por Mosqueiro, Aruana, Coroa do Meio, Rio Sergipe, Aracaju, Atalaia Nova, Praia da Costa, Porto das Cabras e Pirambu.

Encontrei tempo bom até chegar na capital de Sergipe, Aracaju.

Assim que atravessei a ponte vindo de Caueira, já estava na capital Sergipana.

O norte de Aracaju possui uma bela estrutura de praias por toda sua extensão, com ciclo faixa, muitas barracas, pista larga e boa para pedalar. E, chegando no centro, vi que tinha ainda um estacionamento para motorhome. Então, entrei para conversar com as pessoas e foi ótimo! Eu ouvi muitas histórias, trocamos telefones e isto foi uma experiência incrível.

Segui com minha viagem e, logo em seguida, começou a chuva.

A minha pretensão inicial era ficar em Aracaju, mas o tempo mudou repentinamente – chuva, muita chuva, e ventos muito fortes. E, tendo em vista o mal tempo, segui viagem por vias e ruas asfaltada. Optei por abandonar a ideia de ir pela praia, visto que para chegar em Pirambu faltavam mais 40 km. Detalhe: foram 40 km de chuva.

Cheguei por volta das 14 horas. O local estava sem luz e não tinha muitas pousadas, além disso Pirambu estava praticamente de baixo de água. Acontece que para acessar o hotel onde fiquei tive que ir praticamente à nado. Mas chegando lá fui muito bem recepcionado pelo Oliveira, dono do hotel, um português com muitas histórias para contar.

Diário de bordo – 06 de junho de 2022

De Pirambu à Ponta do Mangue foram 82 km de pedal.

Observação: um trecho de 35 km foi ida e volta numa ilha. A distância entre Pirambu e Ponta do Mangue é de 50 km.

Em Pirambu acordei mais cedo. Exatamente às 5 horas saí para pedalar pela areia, mas o mar não estava para peixe, ou melhor, “não estava para bike”. E, apesar da tábua de maré indicar maré baixa, o mar estava batendo nas pedras.

O jeito foi pedalar até a Lagoa Redonda pela estrada e lá constatar a viabilidade do pedal na areia. Ocorre que ao chegar à Lagoa Redonda percebi que o rio interrompia a passagem da trilha, o qual encontrava-se num nível muito elevado.

No entanto, do local onde me encontrava dava para ver o mar, mas, com alguns vários obstáculos. E, além de estar um pouco distante, tive que passar por areia, mangue, rios, até chegar numa praia que era praticamente deserta.

Este local é a reserva biológica Santa Isabel, cuja maré iniciava sua descida. Então, resolvi aguardar mais alguns minutos para que a faixa da areia mais dura fosse ampliada com a baixa da maré. Então, encontrei uma cabana bem simples onde iniciei a escrita deste texto, e fiquei por cerca de 1 hora.

Neste dia encontrei um biólogo pesquisador com uma moto com o qual conversei muito.

E, depois retomei as pedaladas, sendo que depois de duas horas sobre as areias encontrei o paraíso chamado Boca da Barra.  Um lugar dos encontros das águas do rio, do mangue e do mar, uma mistura incrível de cores, além das falésias e pequenos canyons, um espetáculo da natureza.

E então, segui com minha bike até chegar na Prainha da Ponta do Mangue onde fiz a travessia para a Ilha da Ponta do Mangue, também conhecida como Ilha da Costinha, minha intenção era chegar num lugar chamado “cabeço” e fazer a travessia do Rio São Francisco. Mas, depois de 15/20 km pedalados, estava eu num deserto total, onde não tinha nada e nem ninguém, uma ilha completamente deserta, sem possibilidades de travessia.

O jeito era retornar e só tinha uma única forma: pela praia. Mas, ocorre que a maré estava subindo e eu tinha apenas uma hora para fazer um percurso de duas horas. Confesso que nunca pedalei tão forte na minha vida.

Empurrar a bike pesada pela areia fofa ia ser muito desgastante, e pelo adiantar da hora talvez eu não chegasse à prainha com tempo hábil de localizar alguém do outro lado para fazer a travessia de barco. O risco era de ter que dormir numa ilha, próximo ao mangue e sem nenhuma proteção, dormir ao léu.

Tendo em vista que é uma ilha deserta, eu não tinha muitos pontos de referência de onde eu saí. Mas, conforme eu ía pedalando de volta, eu ia recordando alguns pontos. Eu apenas me lembrava vagamente de um toco de madeira enfincado no chão com um pneu, provavelmente colocado ali para auxiliar na navegação dos moradores locais.

Eis que, depois de extenuantes pedaladas, alcancei o marco. Deste ponto ainda tive que empurrar a bike quase 1 km pela restinga, até que finalmente cheguei na ilha e no ponto necessário para fazer a travessia para a prainha.

Comecei a acenar, tirei minha camisa e abanava, gritava por ajuda, mas não conseguia enxergar se tinha alguém do outro lado. Passaram-se alguns minutos e nada. Era final de dia, eu estava muito cansado e no fim das minhas forças. Até que, por um milagre, um barco saiu do outro lado em minha direção, naquele momento eu agachei e chorei.

Feita a travessia outro problema apareceu, em Ponta do Mangue não tinha pousada e já era quase noite. A dona da única barraca da prainha, Dona Rose, conversou com várias pessoas, até que Didica conseguiu para mim um local para dormir. A casa não estava acabada, era feita de tijolo baiano sem reboco e estava sem água, mas seu Didica improvisou um balde com água no banheiro que possibilitou o asseio.

Dona Rose ainda fez um jantar com cuscuz e camarão. Depois do banho improvisado com balde e caneca, fui para cama dormir.

Foi um dia e tanto.

Veja mais fotos aqui

Acompanhe aqui cada etapa dessa trajetória. Se tiver sugestões de conteúdo ou interesse em conversar, deixe seu comentário aqui.

Ficarei extremamente agradecido pelas sugestões e feliz em responder.

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